CD Stringbreaker & The Stuffbreakers/Sringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues

28/06/2021

Chegou às minhas mãos o CD de um jovem guitarrista paulistano, a revelar o eu trabalho mais recente em estúdio, e por conta de tal descoberta, a me despertar a atenção, de imediato. Trata-se de Stringbreaker & the Stuffbreakers, trabalho de Guilherme Spilack, guitarrista técnico, criativo e influenciado pelas melhores referências do Rock Clássico.

Ao lado do baixista, Robinho Tavares e do baterista, Sergio Ciccone, Spilack gravou um disco com dez temas instrumentais, sob agradável audição para ouvidos como os meus, mega simpáticos às sonoridades de cunho sessenta-setentistas. A despeito dessa ótima prerrogativa em prol do Classic Rock, nem sempre foi essa a orientação de Spilack, entretanto.

A sua escola primordial fora o Heavy-Metal, quando ele atuou com a banda "Reviolence" a atuar nesse mundo metálico, além de participações em bandas tributo do Iron Maiden e da carreira solo do vocalista britânico, Bruce Dickinson. Entretanto, ao demonstrar ecletismo, Spilack nos mostra neste trabalho que enfoco, um outro lado seu, plenamente identificado com a sonoridade clássica das décadas de sessenta e setenta. Nas dez faixas do disco, o "groove" que apresenta é muito grande. A sua guitarra sai do lugar-comum em torno do virtuosismo puro e simples (e típico de guitarristas de Heavy-Metal, a mostrar via de regra a técnica em sentido desconectado com o sentido cultural em si), mas ao contrário de outros colegas de sua geração, ele segue a trabalhar a favor da música, com sentido e propósito.

Outro ponto forte é a noção melódica excelente, para produzir solos que ficam na memória, com poder semelhante ao de refrães memorizados e cantados por todos, tamanho o seu poder de identificação imediata. E assim configura-se o trabalho, faixa por faixa, onde Spilack e os seus companheiros envolvem o ouvinte, para prender-lhe a atenção, e isso tem um mérito extraordinário ao considerar-se constituir-se de um trabalho de música instrumental, onde a tendência natural é agradar apenas uma faixa restrita de pessoas e invariavelmente formada por músicos em sua maioria.
Sobre as influências que eu detectei e claro que se leva em conta a minha percepção pessoal e idiossincrática em via de regra, são as melhores possíveis na minha avaliação. Nesse sentido, eu sempre ouço música, mesmo que seja moderníssima e a buscar a inovação absoluta, a imaginar alguma influência antiga, nem que seja subliminar e inconsciente da parte do artista que a concebeu.  

A minha base de influências no Rock, fica mesmo entre as décadas de cinquenta e setenta, portanto, tudo o que falarei a seguir, segue tal percepção de minha parte. Por exemplo, em: "Groove Party", Spilack & Cia. conseguiram fazer com que o Southern Rock soasse forte, com o som dos Allman Brothers Band a lhe fornecer as cartas na mesa desse poker sonoro.
"Mad Middle Pickup" fez-me pensar em como seria Johnny Winter e Joe Walsh a tocarem juntos... Spilack teve essa proeza ao demonstrar na prática, tal efeito explosivo.

Se mostra absolutamente adorável o Blues roots de: "Travel at the Southern Lands".
"75'S spring", mostrou o lado "funkeado" do Jazz-Rock mais sólido, ao reverenciar Jeff Beck e de fato, a primavera de 1975, foi pródiga e embalada por tais petardos desse grande mestre. 

Jimi Hendrix aparece em manifestação mediúnica, digamos assim, na inspiração para a música: "Grooveria Paulistana"
"Doida" é puro Led Zeppelin, com Jimmy Page a indicar o caminho para Spilack, mediante uma luminária acesa, montanha acima.
O Folk britânico e europeu de uma maneira mais abrangente, mostra a sua face em "Rainy Afternoon in Gonçalves". Neste caso, Guilherme também tira o chapéu para Roy Harper, com certeza! 

Um blues denso ao extremo, a evocar Jimi Hendrix em seus momentos mais soturnos, nos é brindado em "The Inspiration Blues". Gosto do sabor Pop, quase imperceptível, mas muito bem colocado de um violão batido na faixa: "Under Two Color Sky". Marca registrada de um mestre carismático como Peter Frampton, e que Spilack soube explorar com galhardia.
A faixa escolhida por Guilherme Spilack para encerrar o CD, foi estratégica. "Taking Road Back Home" é um tema grandiloquente, com um solo dramático e que muito fez com que eu me recordasse do saudoso Mick Ronson. 

O áudio do CD é bastante agradável, a respeitar a intenção do artista em buscar timbragens vintage, mas com a inerente modernidade da era digital. Sobre a capa, a achei simples, mas bastante criativa em seu lay-out, obra assinada por Débora Born. As fotos são de Renato Ciccone.
Abaixo, ouça uma amostragem do álbum postada no YouTube:

Spilack em pessoa cuidou da produção toda, incluso o áudio, ao operar em seu estúdio particular (SpilackTAG Estúdio), com exceção da captura de bateria, feita em um estúdio diferente, o Estúdio Tool Box 68. Em suma, um trabalho muito inspirado, que nos oferta a esperança que o Rock possa trilhar caminhos melhores doravante, com jovens a buscar beberem em fontes nobres, novamente. 

E uma ótima nova, que eu soube através do próprio Guilherme: a sua intenção é que o Stuffbreakers seja uma banda doravante, para seguir carreira e portanto, ele não trata esse trabalho como solo. Melhor ainda, em suma. Cabe registrar que eu fiz uso abusivamente de citações a estabelecer associação de ideias com inúmeros artistas do passado na história do Rock, mas neste caso, além de saber que o artista em si concorda com a minha linha de raciocínio, a minha intenção foi enaltecer a boa fonte em que o jovem Guilherme Spilack busca inspiração, mas em essência, é óbvio que ele tem a sua própria identidade como artista e aliás, esse talento é notório. Jovens talentosos como Guilherme Spilack (e seus companheiros), nos traz de volta essa empolgação de se acreditar que dias melhores virão para quem ama o Rock, verdadeiramente.   

Para conhecer melhor esse trabalho, contato na página do Facebook:

https://www.facebook.com/StringBreakerRock  


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